sábado, 4 de junho de 2016

A cultura do mimimi pela falta de dublagem nos animes tem que acabar

Gon e Killua tem mais é que falar japonês mesmo

Antes de qualquer coisa, sou a favor da dublagem brasileira e sempre quando surge algum título de anime/tokusatsu com dublagem eu acompanho primeiro na versão brasileira. Felizmente ou infelizmente nem tudo é como a gente quer. Todos sabem (ou deveriam saber) que dublagem custa caro. Outro fato é que o nosso país se encontra atualmente em crise econômica. Não sei se esse é exatamente o caso da Sato Company. Pelo menos a justificativa do sr. Nelson Sato em entrevista ao site Jbox foi justamente os custos que são altos. procure lá no YouTube, caso não tenha assistido ainda.

Por isso não vimos o filme Mordomo de Preto com dublagem, mas não esqueçamos que animes trazidos pela distribuidora como Doraemon e Robô Gigante tiveram versões dubladas. Recentemente chegaram ao catálogo da Netflix os filmes japoneses Hunter x Hunter: The Last Mission e Kotodama: A Maldição. Ambos trazidos pela própria Sato Company e sem dublagem. O que acontece? Eu observo as redes sociais e acabo me deparando com certos mimimis. Sabe, se você anda nesse meio otaku vai encontrar algo como "Ah, está sem dublagem. Me motivaria assistir se tivesse dublagem" ou "só vou me interessar em assistir se tiver dublagem". Poxa, tenha santa paciência.

Claro que não são todos os que comportam assim. Me refiro mesmo à essa geração leite-com-pera que quer tudo nas mãos e que cresceu assistindo animes legendados por fansubs. O mesmo acontece na gama brasileira de tokusatsu, onde alguns chegaram a dizer que "se não tiver Garo dublado, as fanbus já fizeram o trabalho anos atrás". Entenda que meus comentários não são para desmerecer as fansubs (que eu as apoio sem "partidarismo" quando elas divulgam materiais inéditos no Brasil, que fique bem claro isso). Mas o que custa incentivar um material vindo para o Brasil, hein? Caso não saibas, licenciamento de produções japonesas não são à preço de banana, independente de sair ou não dublado.

Daí você pode me dizer o seguinte: "Ah, César, mas anime e tokusatsu no Brasil não existe se não tiver dublado". Pois bem. Então você no mínimo está negando que títulos como Lady Battle Cop e Ultraman Zero Gaiden: Killer the Beatstar, por exemplo, nunca vieram (e que alguma licenciadora torrou grana ao vento pra alguma exibição "fantasma"). Pois estes títulos que exemplifiquei tiveram apenas versões legendadas no Brasil. Não deixe de ser manchete (com trocadilho) na história da cultura pop japonesa por aqui. Esse mesmo relativismo não cabe nos EUA com os lançamentos de séries Super Sentai em DVD e apenas com legendas.

O que eu digo pra garotada de hoje é o seguinte: quando eu tinha meus 12 anos de idade eu passei a ter meu primeiro contato com TV por assinatura. Canais como HBO e Telecine apresentavam filmes legendados. Tinha também aqueles que passavam com versões dubladas como a TNT. Dublagem já era "obrigatório" pros canais infantis. Indo exatamente para o lado das séries japonesas, tinha um bloco no Multishow chamado Japanimation que apresentava OVAs com meia hora de duração por episódio. Assisti por exemplo ao Oitavo Homem legendado. Então, pensa que eu ficava triste murmurando e me esperneando por isso? Muito pelo contrário, eu assistia feliz por que eu queria assistir um anime inédito até então. Aliás, com 12 anos e poucos meses de experiência com a TV paga eu entendi o apelo em apresentar produções com o áudio original. Comecei a reparar que o áudio é melhor e você aprende expressões. E passei a assistir muitas outras séries que foram dubladas pra TV aberta e acabei me acostumando com o áudio original. Foi assim com produções ocidentais como WMAC Masters, Anos Incríveis, SOS Malibu, etc. Não tinha essa molezinha que tem hoje de ficar pedindo não.

Então, que tal trocar essa cultura chata do mimimi e por falta de dublagem pela cultura dar pesquisa sobre licenciamento? É um assunto chato também assim mesmo, muitas vezes parecendo não ter um pingo de cabimento na mente de fã, mas que é fácil de, digamos, compreender (o que é bem diferente de aceitar tudo). E arrisco a dizer: quem é fã de verdade de uma determinada série ou filme japonês e/ou tem realmente interesse em assistir, vai atrás. No meu tempo não tinha essas desculpazinhas nem esse tipo de boicote raso não. Se tem dublagem é lucro. Senão, bola pra frente que a gente tem mais é que assistir do mesmo jeito. A cultura pop japonesa começa quando há o bom senso.

PS: O filme Mordomo de Preto vai ser lançado ainda este mês em algumas capitais (incluindo aqui em Fortaleza). Mesmo já tendo assistido na Netflix e resenhado aqui no blog, pretendo ir ao cinema para assistir, prestigiar um filme japonês na minha cidade (não é toda vida que se encontra algo assim) e quero experimentar a sensação de ver um excelente filme com aquela acústica. Podem me chamar de "louco" que vai entrar no ouvido e sair no outro.

PS 2: Antes que eu me esqueça, no início do século tínhamos o canal Locomotion, que passava animes legendados. Ninguém reclamava e todo mundo curtia de boa e não tinha esse mimimi bobo que tem hoje.


Seja dublado ou legendado, vamos assistir o Garo

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