quinta-feira, 31 de agosto de 2017

O que aconteceu com o Senpai TV?

Clayton Ferreia no comando do Senpai TV (Foto: Reprodução/Rede Brasil)

A estreia aconteceu há quase um ano e na época escrevi dois posts no blog sobre o Senpai TV. Num desses eu disse que o programa era curto pra tanta informação sobre anime e que deveria ser um programa sobre curiosidades. A fórmula era batida e não convencia mais: apenas ter alguém para apresentar uma série japonesa como acontecia nos anos 90 pela extinta Manchete.

Há algum tempo passei a assistir novamente o Senpai TV e é notória a mudança, se comparado às impressões da época. Pode-se dizer que agora o programa se tornou mais atrativo para quem gosta de relembrar clássicos e se informar sobre as novidades num bom papo-de-roda com convidados. Diferente de quando começou no final do ano passado, o apresentador Clayton Ferreira está conduzindo o programa com segurança e sem brincar de elevar o cosmo em frente às câmeras como fazia antes. Ele está mandando muito bem na condução do programa. Os assuntos estão variados e com um conteúdo bacana para ser assistido e apreciado.

A Rede Brasil acertou a mão com o Senpai TV que merecia um programa num estilo mesa redonda sobre cultura pop japonesa. O tempo é limitado, mas um pouco maior do que antes. Uma dose ideal para atrair atenção do público que sente falta desses assuntos na TV brasileira. Todos estão de parabéns.

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Tivemos um Mestre Kame totalmente diferente no episódio da semana de Dragon Ball Super

Kame no durante a recente fase do torneio (Foto: Reprodução/Crunchyroll)

Se você está acompanhando Dragon Ball Super, deve ter percebido o esforço de Mestre Kame para abandonar os seus desejos mundanos (como o próprio assim diz) nos últimos tempos para participar do torneio que decidirá o destinos dos Doze Universos. Uma característica forte que do Mestre até pouco tempo era sua tara por mulheres.

No episódio desde domingo (27) vimos o resultado. Kame lutou contra alguns guerreiros do Quarto Universo. Uma desses foi a graciosa Caway (leia Kawei) que apelou um pouco pra sedução, foi resistida e pulou fora da batalha ao ver o quanto Kame poderia ser forte diante dela. O chamariz de verdade foi a luta violenta de Kame contra Ganos. Kame mostrou sua evolução e a impressão é de ver outro personagem. Pro lado positivo, é claro, já que não dava pra manter sempre o bom humor pastelão. Sua experiência foi um fator que contribuiu para sua acirrada vitória.

Foi um episódio simplório e ao mesmo tempo significativo. Foi um dos melhores até agora nessa fase do torneio. Não se sabe se após o torneio Kame voltará a ter aquele jeito safadão de ser, mas só ele superar isso e dominar o Mafuba sem lhe afetar a vida são algo que conta bastante para o crescimento do personagem.

terça-feira, 29 de agosto de 2017

Após 14 anos, Gilberto Barros volta a falar sobre Yu-Gi-Oh!

O apresentador Gilberto Barros

Se você viveu junho de 2003 provavelmente irá lembrar de quando Gilberto Barros atacou impiedosamente Yu-Gi-Oh! em seu programa na Band, o extinto Boa Noite Brasil. Sem dúvida um capítulo sombrio e inesquecível - pro lado negativo da coisa. Anos atrás relembrei aqui o assunto em virtude da volta do anime por aqui pela Netflix.

Essa aconteceu no finalzinho de julho, quando saí em férias. Ainda dá tempo de comentar pois é um assunto que faz parte da nossa história, mesmo que da pior forma. Numa live via Facebook, Gilberto voltou a falar sobre o assunto depois de 14 anos de sua falsa polêmica na TV que irritou muita gente. Veja:


Tudo bem que Gilberto Barros não é especialista nem simpatizante de anime. Mas como comunicador ele deveria ter o mínimo de responsabilidade em pesquisar sobre o assunto antes de levar para a TV. Houve um debate final com gente que entendia do assunto e até com quem era extremamente contra (faz parte e é democrático), mas já era tarde demais. O medo dos pais desavisados estava instalado e isso provavelmente deve ser um dos fatores pra que o sucesso de Yu-Gi-Oh! fosse prejudicado na época. Lembro que a polêmica também foi assunto em vários segmentos religiosos.

Sobre a "carta que matava o pai" foi uma confusão na cabeça de Gilberto nessa entrevista. Na realidade ele se referia a uma cena do terceiro filme de Dragon Ball Z onde Gohan foi transformado no macaco Ozaru, ataca seu pai Goku e o vilão Tales diz em seguida que o filho esmagará o pai. Foi um sensacionalismo terrível e a produção do programa não levou em consideração que DBZ tinha acabado de ser exibido na Band. O que não foi mostrado é que o bem vence o mal e não foi diferente nessa história.

Gilberto pode não ter nada contra, pelo menos agora. Como pai, é compreensível ter esse tipo de preocupação. Mas é isso que atrapalha na hora de pesquisar. Leigos no assunto são propensos a acreditar em qualquer lenda urbana por aí. Foi o que aconteceu na época e a gente espera que esse tipo de vexame não aconteça nunca mais.

Como é um assunto superado, fica registrada as sinceras desculpas daqui do blog ao Leão. Bola pra frente. 😊

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Toshihiko Egashira diz que Haim Saban NÃO acabou com o tokusatsu no Brasil

Toshi em sua recente entrevista (Foto: Reprodução/JBox)

Após duas longas semanas - e um pequeno suspense que acabou logo após o final da temporada de Game of Thrones, o JBox finalmente lançou em seu canal no YouTube a última parte da ótima entrevista com o sr. Toshihiko Egashira. Também conhecido como Toshi (leia o apelido na paroxítona). No final da parte anterior, o empresário foi perguntado sobre o que ele acha da tal afirmação de fãs de Haim Saban ter supostamente acabado com o tokusatsu no Brasil com o lançamento de Power Rangers.

Toshi responde:

"Não. Ele na verdade difundiu no mundo esse formato de live action. É por causa dessa refilmagem por parte dos seriados onde aparecem o rosto de japoneses e mudava pros loirinhos, o moreninho e tal. E esse formato fez com que todas as emissoras no mundo aceitassem, inclusive aqui no Brasil pela Rede Globo. Mas eu não acredito que ele tenha acabado, não. Eu acredito que ele tenha difundido. O que talvez hoje está desgastado é porque o mercado já deu o que tinha que dar. Já deu, eu acho. Na época eu ainda tinha os direitos de exibição no Brasil. Pelo pedido da Toei "japonesa" me fez para vender pra ele pra ele ter o direito mundial, então, eu negociei com a Saban, sim. Somente negociação de papel."

Em 1995, Kamen Rider Black RX estreou no Brasil pela extinta Rede Manchete, enquanto nos EUA a sua versão americana, Saban's Masked Rider, ia ao ar na Terra do Tio Sam. Enquanto o filho do sol era exibido no Brasil, Rider nipo-americano foi exibido também por aqui pela extinta Fox Kids. Toshi fala a respeito dos direitos de Black RX no Brasil:

"A única vez que a Toei me pediu pra vender a minha parte dos direitos de exibição no Brasil foi do Metalder (e Spielvan). Do RX não. Eu acho que o Japão tinha vendido sem o Brasil porque tava na minha mão."

Com essa entrevista, o próprio Toshi, com sua simplicidade, derruba um mito que ainda tenta perdurar por mais de 20 anos. Tem aqueles fãs brasileiros que ainda demonizam Haim Saban dizendo que ele acabou com o tokusatsu no Brasil. O que não é verdade, pois na mesma época haviam reprises de Jaspion e cia, além dos lançamentos da época como Patrine e Winspector, por exemplo. Não custa nada lembrar que após o fim da Manchete tivemos Ultraman Tiga e Ryukendo na TV aberta, filmes do Ultraman na TV por assinatura e home-vídeo, além de materiais do tipo em canais de streaming como das franquias Garo, Ultraman e Power Rangers. Goste ou não, Toshi reconhece o potencial da franquia da Saban e sua importância para o mercado. O desgaste das séries japonesas veio naturalmente devido à saturação causada por outras emissoras na época do boom de Jaspion e Changeman e do próprio retorno do público. O fim da Manchete foi outro ponto crucial, já que era uma emissora que abria espaço para anime e tokusatsu na TV aberta. Outros tempos.

Nesta última parte, Toshi também fala sobre o fim da emissora dos Bloch, sua vida atual e lembranças dos tempos da Everest/Tikara. Lá ele afirma que não tem mais direitos das séries japonesas e que ainda guarda materiais.

"Se um dia acontecer alguma coisa de precisar, tá lá. Já tá dubladinho e tá prontinho, tá prontinho e tal. É só ter um aparelho compatível que possa rodar e mudar pra esse formato novo."

Na ocasião dos lançamentos de Jaspion, Changeman e Flashman em DVD pela Focus Filmes, Toshi cedeu as fitas masters com as respectivas dublagens clássicas.

Atualmente os direitos das mesmas citadas pertencem à Sato Company.

sábado, 26 de agosto de 2017

Novo Death Note é fraquíssimo e perde um elemento essencial

Ryuk, de Willem Dafoe, foi um dos poucos acertos do filme

Finalmente o tão comentado e temido filme norte-americano de Death Note já está entre nós. No ar desde a madrugada desta sexta (25) pela Netflix, a novidade é uma das mais comentadas entre o público que acompanha anime, principalmente por quem já acompanhou a história de Light Yagami e a sua pretensão em se tornar um "deus do novo mundo". Como era de se esperar, tem lá um jeitão americano (óbvio) só que com uma pegada mais teen. Embora o clima sombrio, o filme tenta agradar o público com um adolescente comum e meio distante do protagonista que conhecemos.

Assim é Light Turner (Nat Wolf, conhecido da comédia The Naked Brothers Band, da Nickelodeon): inconsequente, é metido em brigas e até apaixonado por uma garota. Tudo isso sem frieza alguma. Light mora com seu pai, o policial James Turner (Shea Whigham), contraparte de Soichiro Yagami. O primeiro encontro de Light com Ryuk (Willem Dafoe) já faz o espectador pensar que o garoto está mais distante do personagem original a começar com berros exageradamente horrorosos ao ver o demônio em sua frente (a palavra "shinigami" ou "deus da morte" são suprimidos). Com uma lista mais extensa de regras, o Death Note é escrito por Light que acaba compartilhando o caderno com sua grande paixão, Mia Sutton (Margaret Qualley). A garota é uma composição de Misa Amane, Kiyomi Takada e tenta ter a sociopatia de Light Yagami. Por algum motivo, ela sabe sobre a lenda do Death Note e não possui um próprio. O casal não tem a menor química. Por outro lado, James não tem uma equipe de investigadores e se alia ao L (Keith Stanfield) para tentar capturar o assassino conhecido como Kira. O L do filme tem o mesmo estranho jeito de se sentar e comer doces, mas este tem o hábito de esconder o rosto.

Death Note impressiona ao contar as mortes de forma mais sanguinolenta possível através dos efeitos especiais. Até aí é digno de filme de terror. Porém, a trama é cheia de furos e peca demais no desenvolvimento. Light não é tão discreto com o seu caderno da morte e aqui acolá deixava pistas soltas de seus assassinatos. Ele não faz o menor esforço para tentar fazer um crime perfeito e é potencialmente imaturo. Os eventos do filme passam rápido e o desenrolar acaba perdendo algo que é essencial no mangá/anime: o jogo psicológico entre Light e L. A oportunidade foi desperdiçada com uma investigação que sequer amarra o espectador na ponta do sofá. Tantos problemas e falta de interação fazem com que este Death Note seja um filme sonolento.

É impossível contar tudo o que acontece na trama original em apenas 1h40 de película (poderia ter um pouco mais de duas horas). Mas esta adaptação não emplaca com tantos problemas. Este Death Note pode valer como uma amostra para leigos e quem sabe agradar um ou outro que ainda não acompanhou a excelente obra de Tsugumi Ohba e Takeshi Obata. Mas os fãs de longa data devem sentir falta de elementos principais que poderia ser muito bem explorado e adaptados da melhor forma. Pelo menos Willem Dafoe esteve excelente como Ryuk e captou a essência do personagem. O rosto do antigo Duende Verde (do primeiro filme do Homem-Aranha), aliás, é perfeito para criar o "demônio". O ator Masi Oka, o Hiro Nakamura da série Heroes, é um dos produtores e aparece fazendo uma ponta. A trilha sonora é um dos poucos acertos. Os destaques mesmo vão para os clássicos "Take My Breath Away" da banda Berlin (tema de Top Gun) e "The Power of Love" (You Are My Lady), canção original de Jennifer Rush e na famosa versão interpretada pela dupla Air Supply.

Agora entendemos o porquê da Warner ter rejeitado o projeto do diretor Adam Wingard. A Netflix fez questão de salvá-lo em meio a resistência dos fãs e o fanatismo de outros. O resultado deixa muito a desejar e fica atrás das demais adaptações feitas para cinema e TV. Quem sabe isso melhore numa possível sequencia.

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Kei Fukuide supera Juggler como vilão de Ultraman Geed

Kei ao revelar seu plano durante uma apresentação (Foto: Reprodução/Crunchyroll)

Quando a série foi anunciada, muita gente pensou que o vilão Kei Fukuide fosse um novo Jugglus Juggler, de Ultraman Orb, ou uma mera imitação dele. Até aí só sabíamos que Kei usaria capsulas de monstros com poderes de kaijus conhecidos da franquia Ultra. Juggler usava poderes similares através do seu Dark Ring. Até aí havia um receio do público em termos uma segunda versão do rival de Gai Kurenai. O que seria forçado pelas primeiras impressões.

Mas a Tsuburaya é criativa e não ia deixar por menos. O vilão tem uma personalidade própria e seus meios vem surpreendendo malignamente. Melhor dizendo, ele é o hospedeiro do experiente Belial que está por trás dos eventos em Ultraman GeedKei/Belial surpreenderam nos dois últimos episódios. O mais legal foi a sua cilada para deter seu eterno rival Ultraman Zero no episódio anterior. Kei é um escritor de renome no mundo de Geed e - como "fantoche" de Belial - escreveu uma ficção baseada em antigas batalhas. Zero serviu de inspiração para um vilão do livro de Kei. O início do confronto entre Kei/Belial e Leito/Zero foi uma boa jogada. Somente Riku e Laiha perceberam o que estava acontecendo, enquanto os civis não faziam ideia do que estava por vir e pensavam ser uma interpretação teatral do livro entre o autor e um leitor.

Kei dá sinais de que poderá ser um grande vilão e já supera Juggler de longe. O clima sombrio da série Ultraman Geed e a intervenção de Belial são fatores que podem contribuir bastante na evolução de Kei nos próximos episódios.

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

The Reflection: um anime com charme dos quadrinhos norte-americanos

X-On, quase um Homem-Aranha

Você deve ter ouvido falar de The Reflection, anime que atualmente está em exibição nesta temporada de verão e que conta com o grande Stan Lee na criação do programa, ao lado de Hiroshi Nagahama (este também participa como diretor da atração). Esta não é a primeira participação do criador de Homem-Aranha e cia na animação japonesa. Stan Lee já trabalhou em outro título chamado Heroman. Série de mangá publicada entre 2009 e 2012 nas páginas da Monthly Shonen Gangan e que teve sua versão animada em 2010 pelo estúdio Bones (disponível no Brasil pela Crunchyroll e apenas em legendas em inglês).

A série conta sobre um fenômeno que afetou algumas pessoas e deu a elas superpoderes. Algo típico dos quadrinhos norte-americanos como surgimento de super-heróis e de super-vilões. A trama se passa em Nova Iorque e cada episódio vão surgindo pistas e mistérios que são desvendados. A trama gira em torno de quatro personagens. Sendo que dois são super-heróis: X-on (dublado por Shinchiro Miki), herói de traje vermelho que pode copiar poderes de outras pessoas ao após tocá-las por três segundos. E I-Guy (Satoshi Mikami), o herói de armadura azul que era um cantor de rock no passado e decidiu aderir identidade secreta para combater o crime. Entre os personagens principais estão a garota Eleanor Evans (Mariya Ise) que pode se teletransportar em pequenas distâncias. Possui habilidade de coletar informações e tem empatia com X-on. E Lisa Livingston (Satomi Hanamura), uma graciosa garota que pode transformar sua cadeira de rodas em um robô gigante.

The Reflection carrega vários elementos dos quadrinhos e fugindo dos padrões. Os traços são uma amostra dessa diferença. Curiosamente X-on dispara algo com cordas magnéticas que lembram as teias do Homem-Aranha. Já I-Guy lembra um pouco do Batman (da DC Comics) por ser bem sucedido e esconder sua identidade como herói. Sempre que I-Guy aparece, toca a música "Sky Show" para o delírio de seus admiradores. A música é interpretada pelo cantor britânico Christopher "Chris" Braide. Ele já produziu e escreveu músicas para artistas como Lana Del Ray, David Guetta, Beyoncé, entre outros.

Falando em música, a trilha sonora é produzida pelo inglês Trevor Horn, um veterano que é venceu vários prêmios como por exemplo o Grammy de 1995 pela música "Kiss From A Rose", canção interpretada por Seal que virou tema do filme Batman Eternamente. Trevor tem um extenso currículo e já produziu para grandes nomes da música internacional como Paul McCartney, Tom Jones, Tina Turner, Grace Jones, Pet Shop Boys, entre tantos outros. E o grupo idol 9nine (leia apenas: nine) participa como personagens de The Reflection, além de cantar o contagiante tema de encerramento "SunSunSunrise".

E o nosso Stan Lee está lá fazendo uma ponta em cada episódio. Não como ele costuma fazer no cinema, mas anunciando o título do próximo episódio.

Produzido pelo Studio Deen (o mesmo de Samurai X e Fate/stay night), The Reflection está programado para ter 12 episódios que vão ao ar aos sábados à noite pela TV estatal japonesa NHK. A transmissão (quase) simultânea acontece mundialmente via canal de streaming Crunchyroll, sempre com um novo episódio a partir das 14h30 -- horário de Brasília. Não deixe de conferir.

Excelsior!


Confira a canção "Sky Show", tema de I-Guy na série:

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Fantomas, o primeiro super-herói da cultura pop

O "morcego dourado" Fantomas e seu arqui-inimigo Dr. Zero

Talvez você possa pensar que os populares Superman (criado em 1938), Batman (em 1939), ou mesmo O Fantasma (1936) sejam os primeiros super-heróis da história, não é? Então, antes deles, mais precisamente em 1931, surgiu o primeiro super-herói, diretamente na terra do sol nascente. Ele era Ogon Bat (algo como "Morcego Dourado") ou Fantomas como foi batizado aqui no Brasil. O herói era uma personificação de um esqueleto que salvava donzelas num Japão pós-depressão. Suas histórias eram contadas através do kamishibai, um antigo teatro de papel criado originalmente no século 12. O criador de Fantomas era Takeo Nagamatsu, nascido na província de Oita em 1912.

Após a morte de Nagamatsu em 1961, Fantomas ganhou um filme tokusatsu em 21 de dezembro de 1966 pela Toei Company. A película foi estrelada por Sonny Chiba, fundador da escola de dublês Japan Action Club (atual Japan Action Enterprise). O filme de Fantomas foi lançado no Brasil direto-para-vídeo apenas em 2013 via Cult Classic (leia mais aqui).

Em 1 de abril de 1967, um pouco mais de três meses após a aventura nas telonas, Fantomas estreou na TV japonesa com sua série animada. Produzido pela extinta produtora Daichii Doga - a mesma da série clássica Yokai Ningen Bem, de 1968 - Fantomas era apresentado semanalmente aos sábados na faixa das 19h dos canais Yomiuri TV e Nippon TV. Foram ao todo 52 episódios e o tema de abertura era o mesmo do filme para o cinema.

Na versão animada, o arqueólogo Dr. Miller pesquisa sobre os mistérios de Atlântida e possui um livro que afirma que o lendário continente poderá ser reemergido em breve. Após um acidente em sua expedição, Dr. Miller morre e deixa sua única filha Marie, que sobrevive. Marie é salva por Dr. Steel, um cientista que trabalha em prol da humanidade. Ao seu lado estão o filho Terri e o atrapalhado - e comilão - assistente Gabi. A bordo da nave Super Carro, os quatro descobrem Atlântida e são surpreendidos com um ataque do maquiavélico Dr. Zero. Mais precisamente por uma mão gigante, criação do vilão.

O livro indica que um guerreiro superpoderoso criado pela antiga civilização de Atlântida é revivido a cada 10.000 anos, sempre quando a Terra é ameaçada pelas forças do mal. Eis que surge Fantomas - O Guerreiro da Justiça. Iniciando assim uma luta entre o bem e mal. O elo maior de Fantomas em sua nova vida está ligado à Marie, que o ajudou a despertar de seu profundo sono. Sempre que é ameaçada, Marie chama por Fantomas e logo seu mensageiro, o Morcego Dourado, o convoca para a batalha.

Foram vários vilões que desafiaram o indestrutível ser que se apresentava com uma inconfundível gargalhada, todos enviado por Dr. Zero como o Máscara Negra, as Crianças Newton, o Gato Preto, o Vampiro e o milenar Dr. Morte -- um antigo rival do morcego dourado nos tempos de Atlântida.

Fantomas teria uma sobrevida numa versão atualizada produzida pelo estúdio AIC, o mesmo dos animes Tenchi Muyo e El Hazard (ambos exibidos nos anos 2000 pela Band). O piloto foi divulgado em 2001. Apesar da modernização do herói, não agradou o público japonês e o projeto foi cancelado.


O antigo Fantomas das páginas do tradicional kamishibai


O GUERREIRO DA JUSTIÇA NO BRASIL

Fantomas foi exibido no Brasil a partir do dia 25 de maio de 1973 (sexta-feira) na TV Record a partir das 18h30. Na época eram exibidos clássicos japoneses como por exemplo o anime Super-Homem do Espaço e o tokusatsu Vingadores do Espaço. Por lá foi exibido quatro vezes com exaustivas reprises. Sua última exibição aconteceu em agosto de 1984. Inicialmente a Record exibiu a série em preto-e-branco. Vale ressaltar que programas em cores ainda estavam sendo difundidos e a primeira transmissão nesse formato aconteceu aqui no Brasil em 1972.

Segundo registros de programação de TV em jornais como Folha de S. Paulo, Fantomas aparecia na grade como "Fantaman". Este foi o nome de batismo do herói na Itália. O mesmo acontecia na abertura da série, que era um recorte com cenas de alguns episódios. Uma vez que as fitas masters não vieram diretamente do Japão. Tivemos duas versões: uma em preto-e-branco e outra colorida. A dublagem foi realizada pela Cine Castro.

Em 2013, Fantomas teve seu lançamento em DVD no Brasil via Cult Classic, onde 42 dos 52 episódios tiveram áudios da dublagem clássica recuperados e com a versão japonesa na íntegra. Diversão garantida para todas as gerações deste clássico que completa cinco décadas em 2017.

FANTOMAS NOS RINGUES BRASILEIROS

Afinal, de onde surgiu o nome "Fantomas" na dublagem brasileira? Simplesmente era uma homenagem ao lutador de luta-livre que tinha o mesmo nome nos anos 60 e 70 e era famoso em programas do gênero como Telecatch e Gigantes do Ringue. Apesar do nome "Fantaman" no título na TV e na grade programação, a Cine Castro resolveu adotar o nome do verdadeiro Fantomas como referência, devido à sua máscara que lembra bem um fantasma.

Seu nome verdadeiro era José Carlos Pereira e o personagem tinha a característica de não dobrar as pernas, esticar os braços e jamais cair no chão quando era atacado. Além de Fantomas, José Carlos criou outros personagens na luta-livre como o Fantasma (não confunda com o Fantomas), a Múmia e o Mister X. O traje e a máscara de Fantomas permitiam que José Carlos trocasse a identidade secreta com outros lutadores, já que seu rosto não era revelado até então.

Depois do sucesso, José Carlos passou a integrar o Clube Sete de Setembro, onde reunia grandes lutadores como Brutos, Índio, Cangaceiro, Ted Boy Marino, entre outros. Nessa época, José Carlos atendia pelo codinome King Kong.

Ele deixou a cerreira em 1975 e logo se tornou empresário no ramo de bebidas, no qual foi revendedor da Brahma por 25 anos em São Bernardo do Campo, São Paulo. Em seguida ele representou cervejarias e até uma escola de idiomas. Atualmente está aposentado.


O Fantomas brasileiro

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Férias no blog

Olá, pessoal. Tudo bem com vocês?

Estou em férias por aqui. O Blog Daileon volta a partir do dia 23 de agosto com programação normal e forças renovadas.

Nos vemos no futuro!

Dyuwah! 😎